8.2.10

DO QUE UM PEDAÇO DE PÃO

Ontem, pela primeira vez, tudo fazia sentido. Eu deitei no colchão, olhei o teto e tudo estava ali - e lembrei de quando achei um poema escrito na adolescência que falava sobre quando minha vida era bem mais simples do que um pedaço de pão, e essa frase fez sentido para mim, como se eu adolescesse de repente. Então fechei os olhos que ocultavam um sorriso de felicidade serena.

Ontem eu simplesmente soube que seria feliz para sempre, como conto de fadas. Eu descobri que nem todo sentimento escoa em três dias - só todos os outros, esse nunca.

Ontem eu disse que sabia o que queria - e dessa vez era verdade, não desculpa de uma fuga em outro rosto, como sempre fora antes. Eu disse sim sabendo que aquele sim significava amanhã e depois e semana que vem ainda. E eu não senti medo daquele sentimento por ser tão leve que era meu - não uma invasão bárbara como eu me acostumara a viver as coisas.

Mas quando abri os olhos, eu olhava para um teto que era só teto e aquela frase não fazia mais sentido algum. Que a minha vida era dessas de ficções modernas, que só valem a pena enfrentando monstros. Aquela calmaria não me era paz.

E é por isso meu bem, que acabou.

1.2.10

ATALHOS DE FINAIS FELIZES

Tenho um estranho carinho
pelas coisas que não dão certo
Toda lembrança escondida
de um futuro prometido em passados imperfeitos

É como se eu sempre soubesse
É como se tu quem me disse
Que essas coisas que acabaram
São atalhos de finais felizes