às vezes eu penso que o metrô é um fluxo contínuo. às vezes eu penso que o metrô está dentro do meu próprio corpo - é aquela chaga purulenta que não cicatriza nem dói. confesso minha vontade de parar em meio à estação para ver se o fluxo pára também -
............................................................................................................................mas o que acontece se o fluxo pára (sei lá) meia hora?
param também, por acaso ou rebeldia, os ponteiros dos relógios?
e a chuva na rua, que fará?
(se todos estão lá, parados, a chuva não os pode molhar.) porque você sabe, parando os relógios as fábricas param também. não se produz mais café, energia ou força de trabalho.
.eis que me dou conta: o metrô pára também. (ah, se um dia eu parasse aquele fluxo, quem sabe congelava o riso banguela no rosto da maria? quem dirá que não parei a morte no encalço de seu antônio? e talvez a juliana tivesse para sempre o namorado ao seu lado.)
às vezes eu penso que o metrô é um fluxo contínuo. às vezes eu penso que o metrô está dentro da vida - e que só depende de mim.